Radiesse: saiba o que é e porque usar

radiesse

Com o passar dos anos, inicia-se o processo de envelhecimento. Em geral, esse processo começa lentamente a partir dos 30 anos, mas começa a se tornar visível a partir dos 40 ou 50. Infelizmente, atualmente esse processo é inevitável. Porém, substâncias como o Radiesse contribuem para desacelerar esse processo.

A aparência envelhecida da pele, e em especial do rosto, se deve a múltiplos fatores. Os principais, porém, são a diminuição da produção de colágeno e a perda de tecido adiposo e muscular.

O colágeno, assim como a elastina, é uma das principais proteínas responsáveis pela manutenção da pele. Ele compõe a derme, camada de sustentação da pele, que é responsável por garantir a firmeza e elasticidade dela. Essa camada precisa de manutenção regular para se manter funcional, mas a diminuição da produção de colágeno prejudica isso.

Os tecidos adiposo e muscular, além de proverem proteção, isolamento térmico e movimentação à pele e aos órgãos, também provêm volume a ela. Durante o envelhecimento, são naturalmente degradados e absorvidos pelo corpo em algumas regiões, em especial no rosto. Com isso, o rosto se torna mais magro, surge a flacidez, e as rugas e linhas de expressão se tornam mais acentuadas.

O Radiesse é uma das substâncias utilizadas para conter esses processos. Ele é um bioestimulador de colágeno, isto é, estimula a produção de colágeno pelo corpo. E também é um preenchedor, recuperando o volume do rosto e de outras partes do corpo, dependendo do local de aplicação.

Sendo uma substância importante no meio cosmético e dermatológico, vamos falar um pouco sobre ele neste artigo para que você entenda como ele funciona.

O que é o Radiesse?

Radiesse é o nome comercial de um bioestimulador de colágeno. Ele foi desenvolvido pela empresa americana de cosméticos Merz Aesthetics, sendo aprovado para uso cosmético desde 2006.

O Radiesse é um composto formado por duas partes principais: hidroxiapatita de cálcio (30%) e gel (70%).

O gel é utilizado apenas para facilitar a aplicação, sendo inerte e totalmente biocompatível, impedindo o risco de complicações. É composto por água estéril, glicerina e carboximetilcelulose de sódio.

A hidroxiapatita de cálcio é a substância principal. Ela é naturalmente produzida pelo corpo e é uma das substâncias que compõem os ossos, o que a torna totalmente biocompatível. Ela já é conhecida há décadas, mas passou a ser utilizada para tratamentos médicos a partir da década de 90, sendo as pesquisas na área estética iniciadas a partir de 1999.

No Radiesse, a hidroxiapatita de cálcio está presente na forma de microesferas, isto é, esferas que apresentam dimensões micrométricas. No caso, com diâmetro de 25 a 45 micrômetros. O objetivo desse formato esférico é dificultar a absorção pelo corpo.

Essa substância é naturalmente hidrofóbica. Por isso, ao ser injetada no corpo, não se dissolve na água. Ao invés disso, causa a repulsão da água e dos tecidos ao seu entorno, preenchendo o local e criando volume.

Esse efeito preenchedor é uma das principais vantagens do Radiesse, visto que é um resultado imediato e que causa uma visível melhoria do aspecto do local aplicado.

Pouco tempo após a injeção, o corpo começa a decompor e absorver a substância. Nesse processo, são formados íons de cálcio. Os íons de cálcio da substância são responsáveis por estimular os fibroblastos, células do corpo responsáveis pela produção de colágeno e elastina. Dessa forma, ocorre um aumento da produção dessas duas proteínas.

Por isso, durante os meses seguintes, as esferas injetadas são degradadas e absorvidas. Ao mesmo tempo, os fibroblastos proporcionam a formação de redes de colágeno e elastina, recuperando a firmeza, elasticidade e o brilho da pele no local de aplicação.

Mesmo assim, após a degradação completa da substância, o efeito de preenchimento ainda se mantém. O espaço deixado passa a ser preenchido por essa nova camada de tecido conjuntivo produzida pelo corpo.

É importante saber, porém, que o efeito é temporário. O estímulo à produção de colágeno e elastina somente se mantém enquanto há a presença de íons de cálcio no local. Após o Radiesse se esgotar, o nível de produção dessas proteínas volta ao estado anterior.

Isso não significa, porém, que os efeitos se dissiparão imediatamente. A diminuição da produção prejudica apenas a manutenção do tecido. O tecido conjuntivo formado apresenta certo tempo de duração e, após isso, precisa se regenerar. Havendo menos colágeno disponível, a regeneração apresenta menor qualidade, mas algumas características do tecido ainda se mantêm por um tempo.

Por isso, o tratamento tende a durar até 18 meses após o fim do tratamento, tempo necessário para a degradação completa do tecido formado e retorno ao tecido menos saudável de antes.

Felizmente, o tratamento com o Radiesse pode ser realizado novamente, obtendo-se resultados semelhantes.

Como é aplicado?

O Radiesse apresenta efeito localizado. Isto é, seu efeito se limita predominantemente ao local de aplicação. Para surtir efeito, portanto, precisa ser injetado diretamente na pele, nos locais que se deseja preencher. Por isso, seu procedimento de aplicação é considerado uma forma de intradermoterapia.

Infusão

Sua aplicação, em geral, não utiliza agulhas comuns. Agulhas comuns são eficientes em penetrar a pele devido à ponta afiada que apresentam. Porém, essa ponta a danifica, como evidenciado pelo sangramento que comumente a segue.

Para a aplicação de vacinas e outras substâncias, por exemplo, isso não é um problema, visto que o furo é pequeno e cicatriza-se rapidamente. Porém, a intradermoterapia comumente envolve múltiplas injeções ao longo de uma área relativamente grande. O uso de agulhas comuns neste caso poderia causar grande irritação, o que pode prejudicar os resultados e causar complicações.

Além disso, no caso de vacinas, a substância é injetada a maiores profundidades. O Radiesse precisa ser injetado logo abaixo à derme, sendo muito mais próximo da superfície. Devido a essa proximidade com o meio externo, a formação de um furo que requer tempo para se fechar pode resultar em vazamento da substância aplicada, prejudicando os resultados.

Por isso, o Radiesse é comumente aplicado com o auxílio de microcânulas. Microcânulas são agulhas curtas e finas que apresentam pontas arredondadas. Embora pontas arredondadas resultem em maior dificuldade de penetração, o fato da profundidade ser baixa e a pele ainda ser razoavelmente elástica viabiliza seu uso nesse caso.

A principal vantagem da ponta arredondada é que ela dificilmente causa danos ao tecido. Isto é, não resulta em sangramento e não requer um tempo de cicatrização. Ela, na verdade, se aproveita da elasticidade natural da pele para apenas fazê-la “desviar” da agulha.

Por isso, assim que a agulha é removida, a pele volta a se fechar. Dessa forma, o produto é distribuído de forma muito mais homogênea e se mantém no local desejado.

Em geral, o procedimento causa pouco desconforto, visto que as microcânulas conseguem penetrar na pele sem danificá-la. Porém, como ainda assim envolve o uso de agulhas, pode causar mais desconforto para pessoas que apresentem pele sensível.

Nesses casos, caso o paciente requisite, pode ser utilizado um anestésico tópico para facilitar a realização do procedimento. O anestésico, em geral, pode ter duração de até 12 ou 24 horas.

Após o tratamento

O uso de microcânulas de pontas arredondadas torna esse procedimento minimamente invasivo. Isto é, ele não requer a realização de cirurgias ou qualquer tipo de procedimento que envolva a realização de cortes profundos.

Isso significa que, não somente o processo é mais rápido (as sessões duram até uma hora), como o tempo de recuperação necessário é muito menor (ou, no caso do Radiesse, inexistente) e os efeitos colaterais apresentam baixa intensidade.

Após uma sessão, pode ocorrer vermelhidão, inchaço, dor, aumento da sensibilidade e leve descoloração do local de aplicação. Os sintomas são leves e nem sempre estão todos presentes. Geralmente, desaparecem completamente em até 48 horas.

Caso os sintomas ocorram, pode-se aplicar compressas de gelo no local por 15 minutos uma vez por dia. Caso a pele seja sensível, o uso de analgésicos comuns pode ser recomendado. Porém, o uso de Aspirina para esse caso é contraindicado.

É possível também que ocorra a formação de pequenos nódulos como resultado da aplicação. A formação de nódulos é muito comum, mas, em geral, não são visíveis. Caso sejam, é possível entrar em contato com o dermatologista para tratá-los, visto que há diversas técnicas que conseguem degradá-los. Porém, isso geralmente não é necessário, visto que eles desaparecem com o tempo.

É importante salientar, porém, que o tratamento sensibiliza a pele, portanto alguns cuidados são necessários nos dias seguintes às sessões para evitar complicações e garantir bons resultados.

Deve-se evitar exposição excessiva ao sol, como na forma de banhos de sol, para evitar a irritação do local. Caso seja necessário sair ao sol, utilize protetor solar com FPS alto (no mínimo 30). Deve-se aplicá-lo sem pressionar o local, visto que deve-se também evitar a aplicação de pressão nele durante os primeiros dias.

Como dito anteriormente, o efeito do preenchimento é notado imediatamente após a aplicação, mas os níveis de colágeno aumentam lentamente durante os três meses seguintes. Os resultados finais são então perceptíveis por volta do sexto mês, e os efeitos duram geralmente até doze meses após isso.

É importante saber também que nem sempre se acerta totalmente a quantidade de Radiesse a ser injetada. Por isso, é possível que a região tratada apresente menos ou mais volume do que o desejado. Nesse caso, é importante entrar em contato com o dermatologista para uma sessão de revisão.

Sessões de revisão tendem a ser mais rápidas e envolvem menores quantidades do produto, por isso, geralmente necessita-se apenas, no máximo, duas sessões de revisão.

O procedimento tende a não gerar efeitos colaterais intensos. Por isso, caso perceba sintomas de alta intensidade, entre em contato com seu dermatologista.

Contraindicações

Embora seja seguro e biocompatível, a aplicação do Radiesse, assim como qualquer outro procedimento médico e estético, apresenta algumas contraindicações.

O Radiesse não pode ser aplicado em pessoas que apresentem sensibilidade a qualquer um dos componentes da fórmula.

Não é indicado para pessoas que apresentem dificuldade de coagulação sanguínea, nem para pessoas que fazem uso contínuo de anticoagulantes ou de Aspirina (ácido acetilsalicílico).

O procedimento só pode ser realizado em pele saudável. Isto é, caso haja alguma doença de pele, inflamação ou infecção no local a ser tratado, deve-se esperar que cessem os sintomas antes de prosseguir com o tratamento.

Não é indicado para pessoas que apresentem tendência a desenvolver cicatrizes hipertróficas ou queloides. Causa leves danos no tecido e estimula a produção de colágeno, fatores que tendem a resultar nesses tipos de cicatrizes. Pode também não ser indicado para pessoas que apresentem predisposição a desenvolver inflamações na pele.

Não é indicado para ser usado em conjunto com outros tratamentos de pele. Também não pode ser utilizado em locais que apresentem implantes permanentes, como de silicone, pois pode causar reações adversas.

Não é indicado também para gestantes, lactantes, pessoas cardíacas, e pessoas que apresentem alguma doença autoimune.

Embora essa lista pareça extensa, é muito menor do que as listas de contraindicações para procedimentos mais invasivos. Por isso, é um tratamento muito mais acessível. Isso, em conjunto com a alta qualidade dos resultados obtidos, torna-o uma boa opção para a grande maioria das pessoas.

Conclusão

O Radiesse é uma substância segura e totalmente biocompatível. Seu princípio ativo, a hidroxiapatita de cálcio, é produzida naturalmente pelo corpo, sendo um importante componente dos ossos. Por isso, dificilmente resulta em rejeição ou reações adversas de alta intensidade. Deve-se, porém, se atentar às recomendações do dermatologista para evitar complicações.

A hidroxiapatita de cálcio, injetada na forma de esferas, imediatamente gera o efeito de preenchimento, aumentando o volume do local de aplicação. Sua degradação durante os meses seguintes forma íons de cálcio, que por sua vez estimulam os fibroblastos a produzir colágeno e elastina. Dessa forma, o corpo inicia um processo de rejuvenescimento.

Os resultados finais são perceptíveis em até seis meses. Por volta de 18 meses após o fim da sessão, é comum que os efeitos já tenham cessado. A produção de colágeno dura por volta de três meses, e a partir disso o nível de produção volta a diminuir. Porém, o tratamento pode ser realizado novamente caso desejado.

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Sobre o autor:

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CRM-SP: 156490 / RQE: 65521. Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP). Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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