Laser para melasma: saiba como funciona

Laser para melasma

Melasma é o nome dado para um tipo específico de lesão pigmentada. Consiste em uma mancha de coloração acastanhada que pode aparecer em diversas regiões do corpo, mas que é mais comum no rosto. É caracterizado pelas bordas irregulares, o que o diferencia das pintas e marcas, além de sua simetria. Isto é, tende a aparecer em ambos os lados do rosto.

Sua ocorrência não resulta em efeitos colaterais ou outros tipos de complicações. Porém, sua presença modifica o aspecto estético da pele, o que pode resultar em prejuízos à autoestima, saúde mental e no relacionamento com outras pessoas.

Por isso, ao notar o desenvolvimento do melasma, é comum que seja buscada uma forma de removê-lo.

Existem múltiplas formas de tratamento para o melasma, mas o tratamento a laser se destaca. O tratamento a laser apresenta aplicações em diversas áreas da medicina e da estética, devido à qualidade dos resultados e à simplicidade do procedimento.

No âmbito estético, o laser é utilizado principalmente para tratamentos que envolvem a pele, devido à sua elevada capacidade de remoção de aspectos indesejados e seu efeito rejuvenescedor.

Neste artigo será abordado de forma aprofundada o uso de laser para melasma.

Uso de laser para melasma

Existem três tipos de melasma descritos na literatura médica:

  • Epidérmico: a pigmentação se concentra na epiderme, isto é, na camada mais externa da pele;
  • Dérmico: a pigmentação se concentra na derme, camada da pele situada logo abaixo à epiderme;
  • Misto: a pigmentação se distribui pelas duas camadas.

A substância responsável por essa nova pigmentação é a melanina, proteína também responsável pelas pintas e nevos. A pigmentação surge devido à desregulação dos melanócitos, células responsáveis pela produção de melanina.

O objetivo do laser é, portanto, a remoção da melanina em excesso, como forma de retornar à pele seu aspecto anterior. Ele é especialmente recomendado para casos em que tratamentos anteriores não surtiram resultado.

O laser é um feixe de luz de alta energia. Para aplicações médicas e estéticas, ele é cuidadosamente calibrado para evitar danos ao paciente. Seu objetivo é atingir as substâncias ou células alvo e destruí-las, permitindo que o corpo as absorva. Nesse processo, também causa pequenos danos ao tecido ao redor, o que estimula seu rejuvenescimento.

O nível de penetração do laser na pele também é calibrado. Existem lasers com atuação exclusivamente superficial, afetando somente a epiderme, e lasers com capacidade de penetração um pouco maior, que agem na derme. Alguns lasers também podem ter sua capacidade de penetração alterada se necessário.

Dessa forma, o tratamento é preciso e localizado, sendo capaz de atingir os depósitos de melanina, independente da profundidade em que estejam alojados.

O tratamento é realizado em múltiplas sessões, comumente de 3 a 5, sendo cada uma espaçada por quatro ou seis semanas. O número de sessões, espaçamento e duração de cada sessão dependem das características do paciente, tipo de melasma e sua extensão.

Porém, há contraindicações. Tratamentos a laser não são indicados para gestantes, lactantes e pessoas com problemas cardíacos. Também não podem ser realizados caso haja a presença de infecção, inflamação ou doenças de pele no local. As sessões também não podem ser realizadas em conjunto com o uso contínuo de anticoagulantes e Aspirina (ácido acetilsalicílico).

O tratamento a laser para melasma

O tratamento consiste em utilizar o laser para a destruição da melanina em excesso. O processo consiste no uso do laser para ocasionar em aumentos rápidos e localizados da temperatura, o que gera a danificação de substâncias, tecidos e células no local atingido.

Como envolve altas temperaturas, é possível que o procedimento gere desconforto, como ardência e dor localizada. Os sintomas são leves, mas é possível utilizar um analgésico tópico para tornar o procedimento mais confortável.

Como a melanina é destruída imediatamente, a perda da pigmentação é perceptível após cada sessão. O efeito rejuvenescedor, porém, só atingirá seu estado final por volta de seis meses após o fim do tratamento.

O rejuvenescimento da pele é resultado de um processo natural do corpo. A danificação do tecido estimula o corpo a se regenerar, e estimula a produção de colágeno e elastina, substâncias importantes para a saúde da pele. É um processo lento, mas que resulta em um aspecto natural e mais jovem no local tratado.

Antes e depois do tratamento a laser para melasma

É importante que a pele esteja limpa para cada sessão, isto é, sem a presença de cremes, maquiagem, protetor solar, ou outras substâncias. A pele também deve estar saudável, e o uso de anticoagulantes e Aspirina deve ser suspenso a partir dos três dias anteriores a cada uma. Consulte com seu médico para saber se isso seria possível.

Embora o procedimento envolva a danificação da pele, os danos causados são localizados e não resultam em sangramentos. Dessa forma, não há necessidade de esperar por cicatrização. É possível retomar as atividades diárias já no dia seguinte.

Efeitos colaterais leves podem estar presentes após cada sessão, como ardência, vermelhidão e inchaço. Nesse caso, recomenda-se o uso de compressas geladas como forma de amenizar os sintomas. Os efeitos tendem a melhorar em até 48 horas.

É importante, porém, adotar alguns cuidados durante os dias seguintes a cada sessão, como forma de evitar possíveis complicações.

O tratamento a laser para melasma sensibiliza a pele por alguns dias, portanto, recomenda-se evitar exposição excessiva ao sol, por exemplo, na forma de banhos de sol, durante as primeiras duas ou três semanas. Caso precise sair ao sol, utilize protetor solar com fator de no mínimo 30.

Deve-se também evitar piscinas e banhos de mar durante os primeiros três dias, para que as substâncias presentes nesses locais não irritem o local tratado. Seu dermatologista pode também receitar o uso de hidratantes para contribuir para a regeneração do local.

É importante salientar, também, que nenhum tratamento de melasma é definitivo. O uso de laser para melasma e outros tratamentos contribuem para remover total ou parcialmente a pigmentação presente, contribuindo para a melhoria do aspecto da pele. Porém, isso não é uma cura, e é possível que, com o tempo, a mancha volte a aparecer.

Sobre o melasma

Não se sabe ao certo quais as causas do melasma. Estudos indicam que há um fator genético, ou seja, a tendência a desenvolver o melasma é herdada dos pais. Se mostra mais frequente em pessoas com pele mais escura e pessoas de ascendência africana, árabe, asiática e hispânica.

É também muito mais comum em mulheres do que homens. Apenas 10% dos casos de melasma ocorrem em homens. Em geral, apresenta mais chances de ocorrer após os 20 anos de idade e se torna menos frequente a partir dos 50.

Estudos também indicam que o melasma não se desenvolve espontaneamente. Outros fatores também contribuem para seu desenvolvimento. Portanto, pessoas que apresentam histórico familiar de melasma podem não desenvolvê-lo devido ao seu estilo de vida e medicamentos usados.

Hormônios

Um fator importante é o hormonal. A ocorrência de desequilíbrios hormonais está associada a maior ocorrência de melasma. Esse é um dos fatores que ocasionam na faixa de idade em que apresenta maior presença: ocorre após a puberdade e antes da menopausa.

Fatores como gravidez, uso de anticoncepcionais, realização de terapia de reposição hormonal e uma tireoide disfuncional contribuem para a ocorrência de desequilíbrios hormonais. Portanto, também aumentam as chances do melasma se desenvolver. O uso de remédios para tratar hipertensão e epilepsia também estão associados a maiores riscos.

Pele

A forma como a pele é tratada também está associada a maiores riscos de desenvolvimento do melasma.

Da mesma forma como exposição prolongada ao sol pode levar ao escurecimento da pele (o famoso “bronze”), essa mesma exposição pode também desencadear a formação do melasma. Isso deve-se ao contato entre a radiação ultravioleta e a pele.

Embora a radiação UV seja importante para a produção de vitamina D, a exposição em excesso causa irritação, e está também associada ao desenvolvimento de câncer de pele. Porém, exposição a luzes que não apresentem UV, como lâmpadas e telas de celulares e computadores, também podem aumentar as chances de desenvolver melasma, ainda que em menor intensidade.

Outros fatores que ocasionam em irritação na pele, como calor excessivo, cosméticos fortes e alergias, também podem contribuir para isso.

Progressão

Enquanto está presente na pele, o melasma não se mantém constante. Ao longo dos anos, ele tende a mudar sua coloração e sua abrangência na pele.

Em geral, surge primeiramente na epiderme com coloração clara, sendo pouco visível. Ao longo dos anos, sua coloração tende a escurecer, e o pigmento tende a adentrar na derme. Por isso, o tipo de melasma mais comum é o misto.

Porém, é possível que desapareça espontaneamente também. O cloasma gravídico (também conhecido como “máscara de gravidez”) é uma condição semelhante ao melasma que ocorre em mulheres grávidas.

Ele também ocasiona hiperpigmentação na pele, especialmente no rosto. Porém, após o final da gravidez, tende a se clarear, até que a pele retorna ao seu estado normal.

Devido à existência de condições semelhantes ao melasma, como o cloasma e alguns tipos de nevos, o diagnóstico tende a ser um processo difícil e longo. Porém, a identificação correta da condição que causa a pigmentação é crucial para a escolha do tratamento mais efetivo.

Sobre o laser

O uso de laser para a remoção de pigmentação epidérmica e dérmica já se mostrou como um procedimento altamente efetivo. Isso deve-se tanto à qualidade dos resultados, que combina remoção dos pigmentos com o rejuvenescimento da pele, quanto aos mínimos efeitos colaterais envolvidos.

O feixe

Em geral, lasers costumam apresentar um feixe de luz contínuo de energia relativamente alta. Esse tipo de feixe apresenta diversos usos na medicina e em outras áreas do conhecimento. Porém, para ação na pele, tende a ser muito forte, visto que a pele é um tecido relativamente fino e sensível.

Por outro lado, a remoção de pigmentos é um processo que requer o uso de alta energia, visto que as substâncias responsáveis pelos pigmentos são relativamente resistentes. Isso se aplica tanto a pigmentos naturais, como a melanina, como a pigmentos sintéticos, como os usados para tatuagens.

Para permitir a remoção dos pigmentos sem causar grandes danos à pele, é comum o uso de lasers fracionados e pulsados.

Um laser fracionado é um laser cujo feixe é dividido em múltiplos feixes. Dessa forma, a energia é distribuída em uma área maior, diminuindo os danos localizados e aumentando sua área de atuação.

Os lasers pulsados (também conhecidos como Q-Switched, sua nomenclatura em inglês) “carregam” o feixe por um tempo antes de emiti-lo. Essa carga aumenta sua energia, aumentando sua capacidade de destruir os pigmentos.

A geração do feixe

Os lasers também se diferenciam quanto à forma como o feixe é gerado. Diferentes métodos resultam em feixes de diferentes níveis de energia e capacidade de penetração.

Um laser muito usado para tratamentos estéticos, e um dos primeiros a serem criados para esse fim, é o laser de CO2. Ele é criado de uma mistura de gás carbônico em conjunto com outros gases. Com isso, apresenta atuação superficial, mas com energia relativamente alta.

Outros lasers modernos são o Er:YAG e o Nd:YAG. Ambos são compostos por um cristal de ítrio e alumínio (conhecido pela sigla em inglês YAG), mas o Er:YAG apresenta também partículas do elemento érbio, e o Nd:YAG, do elemento neodímio.

Graças a isso, ambos são mais suaves que o de CO2. O Er:YAG apresenta a mesma capacidade de penetração, agindo na epiderme, enquanto o Nd:YAG é mais penetrativo, agindo na derme.

Outros tipos de laser mais recentes também podem ser usados, a depender da clínica em que o procedimento será realizado.

Leia também: Lasers faciais: saiba o que são e para que servem

Conclusão

O melasma é uma condição de pele que não apresenta tratamento que a cure, mas o uso de tratamentos estéticos, como o laser para melasma, podem melhorar muito a aparência das pessoas que o tem.

O uso de laser para tratamentos estéticos, incluindo a remoção de melasma, é minimamente invasivo, altamente seguro, e resulta em poucos efeitos colaterais. Por isso, é uma boa opção para diversos tipos de tratamento.

Existem vários tipos de laser disponíveis, cada um com suas próprias características, portanto a escolha do laser deve ser feita por profissional especializado.

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Sobre o autor:

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CRM-SP: 156490 / RQE: 65521. Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP). Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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