Desenvolver olheiras é comum, e é resultado de processos naturais. Em geral, sua presença significa que há algo de errado com nosso corpo, por exemplo, que se está passando por períodos de estresse ou não se está dormindo o suficiente a cada noite.
As olheiras por si são benignas, não ocasionando em complicações devido a sua presença. Porém, apresentam um aspecto desagradável e, devido à sua coloração escura, acabam sendo facilmente perceptíveis, especialmente em pessoas de pele clara.
Embora a mudança de hábitos possa contribuir para a prevenção das olheiras, ela por si nem sempre é suficiente para removê-las após serem formadas. Por isso, existe bastante demanda por tratamentos que possam remover as olheiras rapidamente.
O uso de laser para olheiras é uma ótima opção de tratamento. O laser já se mostrou uma importante ferramenta em tratamentos médicos e estéticos, especialmente nos que visam melhorar o aspecto da pele, por isso são uma boa escolha para a remoção de olheiras.
Uso de laser para olheiras
Existem cinco tipos de olheiras:
- Olheiras profundas ou estruturais: causadas pelo formato do rosto. Apresentar olhos levemente profundos ocasiona na formação de sombra na região logo abaixo ao olho, o que cria um aspecto de olheiras;
- Olheiras vasculares: apresentam aspecto azulado. É o resultado do acúmulo de líquidos na região devido à dificuldade de circulação sanguínea. É comumente resultante do cansaço, estresse e sono;
- Olheiras sanguíneas: apresentam aspecto arroxeado. Resultante do acúmulo de hemoglobina nos vasos da região. Comumente causadas por desidratação e rinite alérgica;
- Olheiras pigmentares: apresentam coloração escura. É resultante do acúmulo de melanina. Apresenta causas possivelmente genéticas, sendo mais comum em pessoas negras;
- Olheiras mistas: resultado da ocorrência de dois ou mais tipos de olheiras simultaneamente.
Diferentes tipos de olheiras requerem diferentes tipos de tratamento para sua remoção. No caso, o uso de laser é apropriado para olheiras vasculares, sanguíneas e pigmentares, mas não surte efeito para olheiras profundas.
O objetivo do laser para olheiras é remover as partículas que criam o aspecto indesejado. No caso de olheiras vasculares, isso consiste em remover os líquidos acumulados. Para as sanguíneas, a hemoglobina. E para as pigmentares, a melanina em excesso.
No caso das olheiras profundas, porém, não há o que ser removido. Esse tipo de olheiras varia conforme a idade, sendo mais intenso durante a juventude, portanto, pode se resolver naturalmente.
Porém, caso seja desejado realizar um procedimento estético para removê-las completamente, em geral, utiliza-se substâncias preenchedoras, como o ácido hialurônico, para compensar o relevo natural da região.
O tratamento Laser para olheiras
O tratamento consiste em utilizar o laser para remover as substâncias responsáveis pela coloração.
Um laser é um feixe de luz de alta energia. Isso permite que uma grande quantidade de energia seja transferida a um local específico rapidamente. Essa energia se converte em um aumento rápido de temperatura, o que causa danos no local atingido. Como feixes de luz podem ser extremamente finos, esse processo é muito preciso.
O laser é cuidadosamente calibrado para afetar apenas as partículas e substâncias desejadas, causando danos mínimos aos tecidos ao redor. Após destruir as partículas, o corpo consegue absorvê-las, removendo a coloração da região. Os danos causados são pequenos, o que permite que o corpo se regenere rapidamente após cada sessão.
A aplicação do laser na pele também estimula a produção de colágeno e elastina. Essas duas substâncias são importantes para a saúde da pele, e sua presença está associada a uma pele firme e elástica. Com isso, o laser também melhora o aspecto da região abaixo dos olhos, por exemplo, através da suavização de rugas.
Em geral, o tratamento ocasiona um pouco de desconforto, devido ao aumento localizado da temperatura. O fato da pele dessa região ser mais fina e sensível pode exacerbar isso. Caso seja necessário, pode-se aplicar um anestésico tópico no local.
Visto que o laser é um feixe de luz forte, ele pode também prejudicar a visão durante o processo, especialmente caso haja algum erro durante o procedimento. Por isso, o paciente deve utilizar óculos protetores especializados durante o procedimento para minimizar esses riscos.
Como outros tratamentos a laser, ele é contraindicado para gestantes, lactantes e pessoas cardíacas. Não pode ser realizado caso haja infecção, inflamação ou doenças de pele na região abaixo dos olhos. Caso faça uso regular de anticoagulantes ou Aspirina (ácido acetilsalicílico), o uso deve ser pausado até três dias antes de cada sessão.
Em geral, são necessárias 3 a 6 sessões, espaçadas em um mês. Como a região tratada é relativamente pequena, as sessões duram em média 20 minutos cada uma.
Antes e depois do tratamento a Laser para olheiras
É importante que a região abaixo dos olhos esteja limpa para cada sessão. Isto é, sem a presença de cremes, protetor solar, ou outros tipos de cosméticos.
Após cada sessão, a região das olheiras se tornará levemente mais escura, mas ao longo da semana se clareará. Isso é resultado do processo de regeneração do corpo, e contribui para o rejuvenescimento da região.
O procedimento também ocasiona no aumento da sensibilidade da região, portanto, deve-se evitar exposição excessiva à luz solar (por exemplo, na forma de banhos de sol) durante os sete dias seguintes. Se necessário sair ao sol, utilizar protetor solar com fator de no mínimo 30.
É possível que a região apresente vermelhidão, inchaço e ardência. Esses são efeitos colaterais comuns do tratamento a laser. Caso provoquem incômodo, recomenda-se a aplicação de bolsas de gelo no local. Apenas 15 minutos por dia é suficiente para melhorar os sintomas.
Visto que o laser age destruindo as substâncias causadoras da coloração das olheiras, os resultados do tratamento podem ser notados logo após os sete dias de regeneração após cada sessão. Os efeitos rejuvenescedores, porém, são mais lentos. Acontecem progressivamente, seguindo processos naturais do corpo. Porém, seus resultados finais são notados por volta do sexto mês após o fim do tratamento.
Olheiras
O surgimento de olheiras está atrelado a diversos fatores. As olheiras profundas e pigmentares, em geral, apresentam origem hereditária. Porém, o surgimento das pigmentares também pode ser influenciado por desequilíbrios hormonais e exposição excessiva ao sol.
As olheiras sanguíneas e vasculares também podem ser influenciadas por fatores genéticos, mas os hábitos diários apresentam grande influência em sua formação.
Por exemplo, um dos principais fatores envolvidos é a circulação. Mudanças na circulação sanguínea na região abaixo dos olhos ocasionam na retenção de líquido e no aumento da vascularização da região.
Essas mudanças na circulação podem ser originadas de diversos fatores, como: sedentarismo, fumo, desidratação, excesso no consumo de sal ou álcool, sono, cansaço, choro, tensão pré-menstrual, entre outros fatores.
As olheiras sanguíneas devem-se principalmente à vasodilatação e ao aumento da vascularização da região. Cansaço, choro e sono são alguns dos fatores que levam o corpo a dilatar os vasos na região, tornando-os mais visíveis. Como são pequenos e finos, em geral, nem sempre é possível vê-los separadamente, gerando uma coloração homogênea.
As olheiras vasculares, por outro lado, são resultado da vasoconstrição ou problemas de circulação, o que ocasiona retenção de líquidos na região. Como a pele no local é muito fina, os efeitos da retenção de líquido são muito mais visíveis nela do que em outras partes do corpo.
Desidratação, sedentarismo, excesso de sal, álcool e fumo são fatores que ocasionam problemas de circulação em todo corpo, por isso podem causar ou amplificar olheiras também. O excesso de açúcar ocasiona no envelhecimento precoce da pele, estimulando a produção de rugas no local, o que torna as olheiras ainda mais visíveis.
Por isso, a adoção de hábitos saudáveis no dia a dia é muito importante para a prevenção das olheiras, e previne que elas se tornem crônicas e que o procedimento de remoção tenha de ser repetido posteriormente.
A melhoria da alimentação, prática regular de exercícios físicos, regulação do estresse, respeito aos limites do corpo e oito horas de sono diárias contribuem para a preservação dos resultados do tratamento e para uma pele saudável.
Leia também: Lasers faciais: saiba o que são e para que servem
Sobre o laser
O laser é um feixe de luz concentrado com energia relativamente alta. Esses feixes de luz podem apresentar uma grande gama de níveis de energia, mas os utilizados para aplicações médicas e estéticas são cuidadosamente calibrados para minimizar danos ao corpo.
Os lasers podem ser criados de diversas maneiras, mas geralmente a luz utilizada é gerada a partir de gases ou cristais. Estes são criados para emitir luz com determinado comprimento de onda e determinado nível de energia. Essa luz é então concentrada e focada, formando o laser.
O comprimento de onda determina o quanto o laser consegue penetrar na pele, e o nível de energia, sua capacidade destrutiva.
Tipos de feixes
Embora o mais comum seja utilizar um feixe único e contínuo, em aplicações médicas e estéticas é possível encontrar feixes de diferentes formatos.
Por exemplo, o laser pode ser fracionado. Isto é, o feixe único é dividido em vários outros feixes. Isso mantém a quantidade de energia, mas a deixa mais distribuída. Isso impede que a energia fique toda concentrada em uma mesma região, algo que pode ocasionar em maiores danos ao tecido e efeitos colaterais mais intensos.
O laser também pode ser pulsado. O laser pulsado (também conhecido como Q-Switched), ao invés de ser contínuo, consiste na emissão de múltiplos feixes curtos de luz. Isso é resultado de um processo que visa aumentar a energia do feixe, chamado de “Q-Switch”.
Nesse processo, o feixe é “armazenado” na máquina por um certo tempo, e com isso ele “carrega” energia. Após certo tempo, ele é emitido, apresentando maior energia, e a máquina inicia o carregamento do próximo feixe.
O laser pulsado é comumente utilizado para a remoção de pigmentos, sendo muito usado para a remoção de lesões pigmentadas, como o Nevo de Ota, e de tatuagens.
No caso das olheiras, embora diferentes tipos de laser possam ser usados para diferentes tipos de olheiras, geralmente os feixes são tanto fracionados quanto pulsados. Os pigmentos se distribuem homogeneamente e são de fácil remoção se comparados a tatuagens e outras lesões pigmentadas.
Visto que a região apresenta espessura pequena e proximidade com o olho, o uso de energia concentrada também não seria seguro.
Tipos de laser
O tipo de laser utilizado depende do tipo de olheiras.
As olheiras pigmentares apresentam pigmentos superficiais, portanto, utilizam-se lasers com atuação mais superficial. Um desses é o laser de CO2.
O laser de CO2 cria seu laser a partir de uma mistura de gases, dentre eles o gás carbônico (CO2). Ele cria um laser de baixa penetração, capaz de atingir apenas a epiderme, camada mais externa da pele. Ele é um pouco mais antigo e apresenta efeitos colaterais um pouco mais intensos, mas é um dos lasers mais testados e confiáveis.
Outro laser que pode ser utilizado para esse fim é o Er:YAG. Ele é criado a partir de um cristal ítrio e alumínio, com a adição de elementos de érbio. Também apresenta baixa penetração, mas usa menos energia, gerando efeitos colaterais mais brandos.
Em olheiras vasculares e sanguíneas, os pigmentos se encontram em regiões mais profundas da pele, portanto, é necessário o uso de um laser com maior capacidade de penetração.
Um desses lasers é o Nd:YAG. Ele é semelhante ao Er:YAG, mas utiliza neodímio ao invés de érbio. Ele também é recente e apresenta efeitos colaterais pouco intensos, mas apresenta maior capacidade de penetração na pele, o que o torna mais apropriado para esses tipos de olheiras.
Conclusão
O uso de laser para olheiras é um processo seguro e relativamente rápido. É capaz de atingir ótimos resultados, visto que, além de remover a pigmentação, promove também o rejuvenescimento da pele no local, tornando-a mais saudável.
É uma técnica recente e que está em constante evolução. Mas, que também é amplamente usada e testada. Suas múltiplas possíveis aplicações e seus ótimos resultados a tornam uma boa opção para diversos tipos de procedimentos médicos e estéticos.
Sua utilização, porém, deve ser aliada à mudança de hábitos, como forma de prolongar seus efeitos e impedir que as olheiras retornem posteriormente.
Caso deseje passar por um procedimento a laser, considere as contraindicações e converse com seu dermatologista para obter informações mais detalhadas.
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Sobre o autor:
CRM-SP: 156490 / RQE: 65521. Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP). Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).