Peeling químico: conheça o tratamento

Peeling químico

O peeling químico é um tipo de peeling desenvolvido mais recentemente que apresenta ótimos resultados. Se diferencia dos métodos de peeling tradicionais por apresentar maior eficiência e maior profundidade de atuação, sendo consideravelmente mais flexível.

Porém, antes de realizar qualquer tipo de tratamento, é importante se informar sobre ele. O peeling químico apresenta diversas vantagens, mas também apresenta contraindicações, especialmente devido às substâncias que podem ser utilizadas.

Sendo possível realizá-lo, ele é uma ótima forma de conferir à pele um aspecto mais jovem e torná-la mais saudável. Consulte com um dermatologista para saber se ele seria uma boa opção para você.

O que é peeling?

A palavra “peeling” é uma palavra de origem inglesa, derivada do verbo “to peel”, que significa “descascar”. A palavra faz referência a um dos objetivos característicos do tratamento: a remoção da “casca” da pele, isto é, o excesso de células mortas e de queratina que se deposita na epiderme, a camada mais externa da pele.

Porém, o objetivo principal do peeling é utilizar essa limpeza para promover o rejuvenescimento da pele. O processo de retirada dessa camada promove a ocorrência de pequenos danos na pele. Esses danos geralmente não são suficientemente grandes para resultar em sangramentos, especialmente se o procedimento for realizado corretamente, mas são suficientes para estimular a regeneração da pele.

Esse estímulo ocasiona o aumento da produção de colágeno e elastina, substâncias responsáveis por fornecer firmeza e elasticidade à pele. Essas proteínas produzidas são então destinadas à regeneração da pele no local onde foi realizado o peeling, resultando em um rejuvenescimento da mesma.

Devido a essas características, é utilizado principalmente no rosto, onde contribui para diminuir a saliência de rugas e linhas de expressão. Porém, pode também ser utilizado em outras partes do corpo, por exemplo, em estrias, onde confere resultados semelhantes.

Existem dois tipos de peeling:

O peeling físico (também conhecido como peeling mecânico) consiste no uso de dispositivos abrasivos para a remoção da camada excedente. Esses dispositivos podem tanto ser mais simples, como lixas e cremes específicos para o tratamento, quanto dispositivos eletrônicos, como a microdermoabrasão com cristais e o peeling de diamante.

Seu uso consiste em apenas utilizar o dispositivo abrasivo sobre a pele, havendo baixa capacidade penetrativa.

O peeling químico, por outro lado, consiste no uso de produtos com maior capacidade penetrativa. Em geral, são utilizados alguns tipos de ácidos cuidadosamente selecionados, visando prover um tratamento mais profundo e, com isso, mais efetivo. Em geral, isso resulta em resultados melhores e mais homogêneos.

Peeling e esfoliação

O uso dos termos “peeling” e “esfoliação” tende a causar certa confusão. Porém, ambos apresentam o mesmo objetivo: retirar a camada mais externa da pele e promover seu rejuvenescimento.

As diferenças entre os termos não é bem definida, e em muitos casos eles podem ser utilizados como sinônimos. O termo “peeling”, porém, tende a ser usado de forma mais abrangente. Ele se refere a qualquer tipo de técnica utilizada para promover a limpeza da superfície da pele.

O termo “esfoliação” está mais associado ao uso de cremes abrasivos para efetuar essa limpeza, algo que pode ser feito em casa, enquanto vários tipos de peeling requerem sua aplicação por profissional especializado, e nem sempre utilizam a abrasão. A esfoliação seria, portanto, um tipo de peeling físico.

O peeling químico

O peeling químico se baseia no uso de substâncias químicas para promover uma limpeza mais homogênea e profunda na pele, buscando estimular uma regeneração mais profunda.

Em geral, são utilizados alguns tipos de ácidos para esse fim. Dentre eles, destacam-se o ácido retinoico, o ácido salicílico e o ácido glicólico.

Ácidos são utilizados no tratamento por serem ótimos solventes orgânicos. Um solvente orgânico é um líquido capaz de dissolver substâncias orgânicas. No caso, as células mortas são um conjunto de múltiplas substâncias orgânicas. Elas se mantêm grudadas à pele, o que torna difícil sua remoção. O solvente age “desgrudando” essas substâncias e suspendendo-as no líquido, facilitando esse processo.

Em geral, utiliza-se uma mistura desses ácidos, em diferentes concentrações, visando potencializar a ação do peeling. Outras substâncias podem ser utilizadas em conjunto também, caso seja necessário. O que define quais substâncias serão usadas e em que concentração é o tipo de peeling químico e o dermatologista responsável pelo tratamento.

O tratamento consiste em aplicar os ácidos sobre o rosto e mantê-los por determinado tempo, para que possam agir sobre toda a camada desejada. O procedimento pode causar ardência durante esse tempo. Após atingir a duração necessária, é aplicada uma substância neutralizante sobre o local de aplicação, como compressas salinas ou água, para eliminar os resíduos dos ácidos.

Peeling químico

Tipos de peeling químico

Existem três tipos de peeling químico.

O peeling químico superficial age somente sobre a camada mais externa da pele, de forma semelhante ao peeling físico. É o tipo de tratamento mais brando, ocasionando pouco desconforto e apresentando curta duração (por volta de 10 minutos). Porém, geralmente também requer mais de uma sessão para ser efetivo.

É utilizado principalmente para solucionar problemas mais superficiais. Por exemplo, é utilizado para o tratamento de pele ressecada, visto que o estímulo à regeneração da pele contribui para sua hidratação. Cicatrizes de acne leves e rugas pouco profundas também podem apresentar grande melhoria após esse tratamento, e pigmentação superficial indesejada pode ser removida ou pelo menos clareada por esse processo. Também contribui para amenizar o envelhecimento da pele causado pelo sol (o fotoenvelhecimento).

Sendo o processo mais brando, também apresenta efeitos colaterais de menor intensidade e menor tempo de recuperação.

O peeling químico médio age tanto na epiderme quanto na derme, camada da pele situada logo abaixo à epiderme. Tende a ser um pouco mais intenso do que o superficial, visto que age em uma camada mais interna do corpo, mas, em geral, causa pouco desconforto e efeitos colaterais pouco intensos.

É indicado especialmente para cicatrizes de acne e rugas mais profundas. Sua ação estimula de forma mais intensa a regeneração da pele nessas regiões, contribuindo para melhorar seu aspecto e prover certo nível de preenchimento. É também muito eficaz para o tratamento de manchas cujos pigmentos estão localizados na derme.

O peeling químico profundo é o que apresenta maior capacidade destrutiva, visto que utiliza substâncias mais penetrativas e mais fortes. Consegue penetrar completamente na derme e tem como objetivo causar grandes danos à epiderme. É o tratamento com maior potencial de renovação da pele, mas também está associado a maiores riscos de complicações e maior tempo de recuperação.

É utilizado principalmente no tratamento de rugas profundas, fotoenvelhecimento severo, cicatrizes profundas (especialmente da acne) e até para a remoção de lesões pré-cancerígenas.

O tratamento consiste em aplicar as substâncias na pele e deixá-las agindo por um período de meia hora a duas horas. Como utiliza substâncias mais fortes e apresenta duração mais longa, causa desconforto mais intenso que os outros dois tipos de peeling químico. Por isso, pode ser administrada anestesia local ou geral para facilitar o tratamento.

Após esse período, os ácidos são removidos com água, e a pele deve ser deixada descansar por uma hora. Em seguida, a pele é coberta com vaselina ou fita adesiva, a depender da profundidade das rugas. A cobertura deve ser mantida por dois dias, para facilitar a recuperação da pele no local.

Contraindicações

O peeling químico, independente do tipo, não é indicado para pessoas imunossuprimidas (seja pelo uso de medicamentos ou presença de condição que a torne imunocomprometida) e que apresentem doenças metabólicas, cardíacas, hepáticas ou renais. Também não é indicada para gestantes e lactantes.

O tratamento sensibiliza a pele e requer tempo de recuperação de alguns dias, período em que o local tratado precisa ser mantido protegido de agentes irritantes. Isso inclui substâncias aplicadas na pele, como maquiagem, e também a luz solar e o calor intenso. Caso não seja possível evitar contato com essas fontes de possíveis irritações durante alguns dias ou semanas, o tratamento não é indicado.

Caso o local apresente alguma doença de pele, como herpes ativa, ou lesões, inflamação ou infecção, o tratamento não pode prosseguir. Isso se aplica também a doenças como psoríase e dermatite atópica.

Também não é indicado para pessoas que apresentem alergia a algum dos componentes da fórmula a ser utilizada.

Leia também: Intradermoterapia: Principais indicações

Efeitos colaterais

Devido à ação dos ácidos na pele, é possível que ocorram alguns efeitos colaterais após cada sessão e após o fim do tratamento. Em geral, são temporários, mas a quantidade e intensidade dos efeitos depende do tipo de peeling químico realizado.

Os efeitos colaterais mais comuns são vermelhidão, ardor, irritação e descamação da pele no local tratado, resultado da irritação causada pelas substâncias ácidas. Nas primeiras semanas, também é possível que apareçam cistos ou manchas brancas no local, mas que tendem a desaparecer com o tempo.

Mais raramente, também é possível que o local tratado infeccione. Nesse caso, deve-se consultar o dermatologista para iniciar o tratamento da infecção e cessar o peeling até que esteja resolvido. Também é possível que haja formação de cicatrizes no local. Também recomenda-se consultar o dermatologista caso isso ocorra, para que a cicatriz possa ser tratada posteriormente.

Caso haja exposição à luz solar nos primeiros dias após cada sessão, é possível que ocorra também hiperpigmentação, isto é, a formação de manchas escuras na pele.

Pós-tratamento

É muito importante também seguir as recomendações do pós-tratamento para garantir uma boa regeneração do local e evitar a ocorrência de complicações, em especial no caso do peeling químico profundo.

Deve-se ter em mente que o procedimento sensibiliza a pele. Portanto, ocasionar irritação na mesma durante seu processo de regeneração pode causar efeitos colaterais ou complicações. Um exemplo é o caso mencionado na seção anterior: exposição do local tratado ao sol pode resultar em hiperpigmentação.

Portanto, é necessário evitar exposição excessiva ao sol e, se necessário sair ao sol, utilizar protetor solar com fator de proteção alto, repondo-o de 4 em 4 horas. Porém, nos primeiros dias após cada sessão pode não ser aconselhado utilizar o protetor, portanto, deve-se manter em casa para evitar possíveis problemas.

É aconselhado que o tratamento seja realizado preferencialmente no inverno, visto que nessa época do ano a taxa de incidência solar é mais baixa. Porém, o tratamento pode ser realizado em qualquer época do ano.

O dermatologista provavelmente receitará o uso de loções ou cremes para facilitar a regeneração do local. Por exemplo, cremes hidratantes, para manter a saúde da pele e diminuir as chances de surgirem manchas, e cicatrizantes, para acelerar a regeneração.

Essas recomendações de pós-tratamento se aplicam a todos os tipos de peeling químico, mas são ainda mais importantes para o peeling profundo, visto que ele apresenta efeitos mais intensos e necessita maior tempo de recuperação.

As diretrizes do pós-tratamento podem variar de um dermatologista para outro, devido às diferentes fórmulas usadas e diferentes experiências com o tratamento. Portanto, é importante estar atento às diretrizes do médico que realiza o acompanhamento.

Caso perceba que o local tratado está passando por modificações inesperadas ou os efeitos colaterais estão muito intensos, consulte seu dermatologista.

Conclusão

O peeling químico é um tipo de tratamento dermatológico altamente eficaz. Se diferencia do peeling físico principalmente pela sua maior capacidade penetrativa, o que permite tenha maior efeito sobre acne e rugas mais profundas. Isso deve ao uso de substâncias ácidas para promover a renovação da pele em diferentes níveis de profundidade.

O uso de peeling químico com maiores profundidades, porém, está também associado a efeitos colaterais mais intensos, maior tempo necessário para recuperação e maiores riscos de complicações. Por isso, apresenta também maior necessidade de cuidados pós-tratamento e maiores contraindicações.

A aplicação de qualquer forma de peeling químico deve ser feita por recomendação e com acompanhamento médico, especialmente devido à possível intensidade do tratamento e ao risco de reações alérgicas às substâncias.

Porém, se todas as recomendações e diretrizes forem seguidas, o tratamento proporciona um notável rejuvenescimento da pele e o abrandamento de imperfeições e marcas do envelhecimento, com destaque para cicatrizes da acne, rugas e manchas.

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Sobre o autor:

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CRM-SP: 156490 / RQE: 65521. Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP). Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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