O que é Pitiríase Rósea?
A Pitiríase Rósea é uma condição dermatológica comum caracterizada por erupções cutâneas temporárias. Considerada benigna e autolimitada, afeta principalmente adolescentes e adultos jovens entre 10 e 35 anos, com pico de incidência na primavera e outono.
O padrão característico inclui o aparecimento inicial de uma “mancha mãe” ou “medalhão heraldo”, seguido por múltiplas lesões menores distribuídas principalmente no tronco, formando um padrão semelhante a um “pinheiro” nas costas.
Sintomas e Características Clínicas
O quadro clínico evolui em fases distintas, começando com sintomas prodrômicos em cerca de 20% dos casos.
📋 Checklist de Sintomas Iniciais
- ✓ Mal-estar geral
- ✓ Dor de cabeça leve
- ✓ Febre baixa
- ✓ Dor de garganta
- ✓ Perda de apetite
- ✓ Náuseas leves
Fase Inicial: A Mancha Mãe
O primeiro sinal é uma única placa ovalada ou redonda, com 2 a 10 cm de diâmetro, chamada de “mancha mãe”. Esta lesão inicial apresenta coloração rosa-salmonada, com bordas bem definidas e leve descamação periférica, semelhante a “colarinho de pityriásico”.
Fase Secundária: Erupção Generalizada
Após 1-2 semanas, surgem múltiplas lesões menores (0,5-2 cm) no tronco e extremidades proximais. Estas lesões secundárias distribuem-se seguindo as linhas de tensão da pele, criando o característico padrão “em árvore de Natal” nas costas.
| Característica | Descrição Detalhada |
|---|---|
| Forma | Ovalada ou alongada, com orientação paralela às linhas de tensão cutânea |
| Cor | Rosa-salmonada em peles claras; pode aparecer como hipopigmentada ou hiperpigmentada em peles morenas |
| Descamação | Fina e aderente no centro, com descamação livre nas bordas (“colarinho pityriásico”) |
| Distribuição | Predominantemente tronco, pescoço e porções proximais dos membros; geralmente poupa face, palmas e plantas |
Causas e Fatores de Risco
A etiologia exata da Pitiríase Rósea permanece indeterminada, mas a hipótese mais aceita envolve a reativação dos vírus herpes humano HHV-6 e HHV-7 em indivíduos geneticamente predispostos.
Mecanismo Provável de Desenvolvimento
Fatores Desencadeantes
Vários fatores podem precipitar o surgimento da condição em indivíduos susceptíveis:
Diagnóstico e Exames
O diagnóstico é predominantemente clínico, baseado na história característica e no exame físico das lesões. Em casos atípicos, exames complementares podem ser necessários para excluir diagnósticos diferenciais.
| Método Diagnóstico | Aplicação e Resultados Esperados |
|---|---|
| História Clínica | Identificação da mancha mãe prévia, evolução temporal típica, sintomas prodrômicos e fatores desencadeantes |
| Exame Físico | Observação do padrão de distribuição “em árvore de Natal”, características das lesões individuais e ausência de acometimento mucoso |
| Dermatoscopia | Padrão vascular punctiforme, vasos em ponto, descamação periférica e colarete descamativo |
| Biópsia Cutânea | Reservada para casos atípicos; mostra infiltrado linfocitário perivascular, espongiose leve e disceratose focal |
| Exames Laboratoriais | Pesquisa de sífilis (VDRL) para exclusão de sífilis secundária, hemograma e PCR quando necessário |
Abordagens de Tratamento Não Cirúrgico
Como condição autolimitada, o tratamento da Pitiríase Rósea foca no alívio sintomático, controle do prurido e aceleração da resolução das lesões.
Tratamento Sintomático do Prurido
O prurido afeta aproximadamente 75% dos pacientes e pode variar de leve a intenso.
💊 Escada Terapêutica para Controle do Prurido
Terapias Específicas e Evidências
| Modalidade Terapêutica | Mecanismo de Ação | Evidência e Eficácia |
|---|---|---|
| Fototerapia UVB | Imunomodulação, redução da inflamação cutânea e apoptose de linfócitos T ativados | Eficácia moderada a alta; 3-5 sessões semanais por 2-4 semanas; acelera resolução em 30-40% |
| Aciclovir Oral | Inibição da replicação viral (HHV-6/HHV-7) em altas doses | Evidência controversa; dose: 800mg 5x/dia por 7 dias; mais eficaz se iniciado precocemente |
| Eritromicina Oral | Efeito anti-inflamatório e imunomodulador independente da atividade antibacteriana | Evidência limitada; dose: 250mg 4x/dia por 14 dias; pode reduzir duração em 50% |
| Hidratação Cutânea | Restauração da barreira cutânea, redução do prurido e prevenção de xerose | Eficácia comprovada no controle sintomático; emolientes com ceramidas e ureia |
Manejo Expectante e Orientações
Para casos leves e assintomáticos, a conduta expectante é plenamente justificada, com orientações específicas para o paciente.
📝 Plano de Autocuidado para Pacientes
- Utilize sabonetes syndet (sem detergente) e água morna para banho
- Aplique hidratantes imediatamente após o banho, com a pele ainda úmida
- Evite roupas apertadas e tecidos sintéticos; prefira algodão
- Reduza a exposição ao calor excessivo e situações que provoquem sudorese
- Não utilize produtos com fragrâncias ou álcool na composição
- Proteja as lesões do sol, que pode causar hiperpigmentação residual
Prognóstico e Evolução
Linha do Tempo da Evolução Típica
Mancha mãe
Erupção generalizada
Estabilização
Resolução completa
A maioria dos casos (80%) resolve completamente dentro de 8-12 semanas, sem sequelas. Aproximadamente 2% dos pacientes podem experimentar recorrência, geralmente dentro do primeiro ano.
⚠️ Complicações e Sequelas Potenciais
- Hiperpigmentação pós-inflamatória: Mais comum em peles morenas; pode persistir por meses
- Hipopigmentação: Menos frequente; geralmente temporária
- Prurido intenso: Pode levar a escoriações e risco de infecção secundária
- Formas atípicas: Variantes inversas, vesiculares ou purpúricas com curso prolongado
- Impacto psicossocial: Ansiedade relacionada à aparência das lesões
Perguntas Frequentes sobre Pitiríase Rósea
A Pitiríase Rósea é contagiosa?
Não, a Pitiríase Rósea não é considerada uma doença contagiosa. Embora esteja associada a vírus da família do herpes, a transmissão entre pessoas não foi comprovada. Pode ocorrer em pequenos agrupamentos familiares ou comunitários, mas isso é atribuído a exposição comum a fatores desencadeantes.
Quanto tempo dura a Pitiríase Rósea?
O curso natural da doença varia entre 6 a 12 semanas na maioria dos casos. A fase eruptiva ativa geralmente dura 2-4 semanas, seguida por um período de estabilização e depois regressão gradual. Aproximadamente 5% dos casos podem persistir por mais de 5 meses.
Posso tomar banho de mar ou piscina com Pitiríase Rósea?
Sim, mas com precauções. A água do mar pode até ajudar no alívio do prurido em alguns casos. No entanto, o cloro da piscina pode ressecar a pele e piorar o prurido. Após qualquer contato com água, é essencial enxaguar bem e aplicar hidratante.
A doença deixa marcas ou cicatrizes?
Na maioria dos casos, não deixa cicatrizes permanentes. No entanto, pode ocorrer hiperpigmentação (manchas escuras) ou hipopigmentação (manchas claras) que persistem por semanas a meses após o desaparecimento das lesões. Essas alterações de pigmentação são mais comuns em pessoas com pele morena.
Posso usar pomadas com corticóide por conta própria?
Não é recomendado. O uso inadequado de corticosteroides tópicos pode causar atrofia cutânea, telangiectasias e outros efeitos adversos. Estes medicamentos devem ser utilizados apenas sob orientação médica, por períodos limitados e com a potência adequada para cada caso.
A Pitiríase Rósea pode ocorrer em crianças?
Sim, embora seja mais comum em adolescentes e adultos jovens, a Pitiríase Rósea pode afetar crianças, geralmente a partir dos 2 anos de idade. Em crianças, as lesões podem ser menos típicas e o prurido geralmente mais leve. O curso da doença costuma ser mais breve.
A exposição solar ajuda ou piora a condição?
A exposição solar moderada pode ajudar na regressão mais rápida das lesões em alguns casos, mas deve ser feita com cautela. O sol excessivo pode piorar o prurido e causar hiperpigmentação residual mais intensa. A fototerapia com UVB controlada é diferente da exposição solar recreativa.
Posso fazer atividade física normalmente?
Sim, mas recomenda-se moderação. O suor e o calor podem agravar o prurido. Opte por roupas leves de algodão, tome banho logo após os exercícios e hidrate bem a pele. Em casos com prurido intenso, pode ser necessário reduzir temporariamente a intensidade dos exercícios.
Qual a diferença entre Pitiríase Rósea e micose?
A Pitiríase Rósea não é uma infecção fúngica, enquanto a micose é. A micose geralmente apresenta crescimento centrífugo das lesões com bordas mais ativas, enquanto a Pitiríase Rósea tem distribuição característica e lesões com colarete descamativo. O exame micológico diferencia as duas condições.
A doença pode afetar a gravidez?
Em gestantes, particularmente no primeiro trimestre, há relatos de associação com parto prematuro e baixo peso ao nascer. Gestantes com Pitiríase Rósea devem ter acompanhamento médico rigoroso. O tratamento é mais conservador, priorizando medidas tópicas e sintomáticas.
Quanto tempo depois do sumiço das manchas posso me considerar curado?
Considera-se a resolução completa quando não há mais lesões ativas e as alterações de pigmentação estão em regressão. A maioria dos pacientes não apresenta recidivas após a cura completa. No entanto, as alterações pigmentares podem persistir por 3-6 meses após o desaparecimento das lesões inflamatórias.
Existe alguma dieta recomendada durante o tratamento?
Não há evidências científicas que liguem a dieta à evolução da Pitiríase Rósea. Recomenda-se uma alimentação balanceada para manter a saúde geral da pele. Alguns pacientes referem melhora do prurido ao reduzir alimentos muito condimentados ou álcool, mas isso é individual.
Posso usar maquiagem para cobrir as lesões?
Sim, desde que use produtos não comedogênicos, hipoalergênicos e sem fragrância. A remoção deve ser suave para não irritar a pele. Evite compartilhar maquiagem e lave regularmente os pincéis. Dê preferência a produtos com ingredientes calmantes como niacinamida ou ceramidas.
Calculadora de Evolução da Pitiríase Rósea
Informe a data de aparecimento da primeira mancha para estimar as fases da doença:
Diário do Prurido e Sintomas
Registre a intensidade do prurido para acompanhar a evolução e auxiliar seu médico:
Guia de Tratamento por Sintomas
Selecione seus sintomas principais para ver recomendações de tratamento:
Sobre o autor:
CRM-SP: 156490 / RQE: 65521. Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP). Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).
- Dra. Juliana Tomahttps://dermatologia.net.br/author/drajulianatoma/
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