Eritema multiforme – Sintomas, diagnóstico e tratamento

O Que é o Eritema Multiforme?

O Eritema Multiforme (EM) é uma reação inflamatória aguda da pele e, por vezes, das mucosas, caracterizada por lesões muito específicas chamadas de “lesões em alvo”. Trata-se de uma resposta de hipersensibilidade do sistema imunológico, desencadeada principalmente por infecções ou, menos frequentemente, pelo uso de determinados medicamentos.

Embora o aparecimento súbito das manchas possa ser alarmante para o paciente, a grande maioria dos casos é autolimitada, ou seja, tende a se resolver espontaneamente com o tempo e suporte adequado. No entanto, é fundamental distinguir o EM de condições mais graves, como a Síndrome de Stevens-Johnson, e identificar o gatilho para evitar recorrências.

Principal Causa

Aproximadamente 90% dos casos são causados por infecções, sendo o vírus do Herpes Simples (HSV) o mais comum.

Duração Média

A condição geralmente evolui ao longo de alguns dias e se resolve completamente em 2 a 4 semanas.

Classicamente, o Eritema Multiforme é dividido em duas formas clínicas principais:

  • EM Menor: Afeta apenas a pele e, no máximo, uma mucosa (geralmente a boca) de forma leve. É a forma mais comum.
  • EM Maior: Envolve a pele e duas ou mais mucosas (boca, olhos, genitais), com sintomas sistêmicos mais intensos, como febre e mal-estar.

Sintomas e Identificação Visual

O reconhecimento do Eritema Multiforme depende fundamentalmente da análise clínica das lesões. Diferente de urticárias comuns que mudam de lugar em horas, as lesões do EM são fixas e evoluem progressivamente.

A Lesão em Alvo (Target Lesion)

A marca registrada da doença é a lesão em alvo típica. Ela possui três zonas de cor concêntricas bem delimitadas:

Anatomia da Lesão em Alvo

Anel Externo (Eritematoso)
Anel Médio (Pálido/Edematoso)
Centro Escuro

A lesão típica apresenta um centro escuro (às vezes com bolha), um halo pálido de edema e um anel externo vermelho vivo.

As lesões costumam aparecer de forma simétrica, iniciando-se nas extremidades (dorso das mãos, palmas, solas dos pés, cotovelos e joelhos) e podem se espalhar para o tronco (distribuição centrípeta). O paciente pode sentir queimação ou coceira, embora muitos sejam assintomáticos quanto à dor cutânea.

Causas: O Que Desencadeia a Reação?

Entender a causa é metade do tratamento. Na dermatologia de precisão, investigamos o histórico do paciente para diferenciar uma reação viral de uma reação medicamentosa.

1. Infecções (Mais Comum)

A grande maioria dos casos de eritema multiforme é pós-infecciosa.

  • Herpes Simples (HSV-1 e HSV-2): Responsável por até 70% dos casos recorrentes. A erupção cutânea surge cerca de 10 dias após o aparecimento da lesão de herpes (frio ou genital).
  • Mycoplasma pneumoniae: Uma bactéria que causa pneumonia “atípica”, mais comum em crianças e jovens adultos.
  • Vírus diversos: Adenovírus, EBV, entre outros.

2. Medicamentos (Menos Comum)

Embora medicamentos sejam causas mais frequentes de outras reações graves (como SJS), eles podem causar EM (menos de 10% dos casos).

  • Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs).
  • Antibióticos (Sulfonamidas, Penicilinas).
  • Anticonvulsivantes.
Tabela 1: Sinais de Alerta e Quando Procurar Atendimento
Sintoma / Sinal O que pode indicar Ação Recomendada
Manchas vermelhas nas mãos/pés Início de Eritema Multiforme Leve Agendar dermatologista. Monitorar evolução.
Bolhas na boca ou lábios Envolvimento mucoso (risco de dificuldade alimentar) Necessário suporte médico para dor e hidratação.
Olhos vermelhos e doloridos Conjuntivite associada ou erosão ocular Urgente: Risco de sequela visual. Avaliação oftalmológica imediata.
Febre alta e descamação extensa Possível evolução para doenças graves (SJS/NET) Emergência Médica: Procurar Pronto Socorro.

Tratamento Médico e Manejo

O tratamento do Eritema Multiforme é focado em três pilares: remover a causa, controlar a inflamação e aliviar os sintomas. Não existe uma cirurgia para a fase aguda; o manejo é eminentemente clínico e medicamentoso.

1. Medidas de Suporte e Alívio

Para a maioria dos pacientes com a forma “menor”, o tratamento visa o conforto enquanto a doença segue seu curso natural.

  • Anti-histamínicos (Antialérgicos): Orais, utilizados para controlar o prurido (coceira) e a sensação de queimação.
  • Corticosteroides Tópicos: Cremes ou pomadas de média a alta potência aplicados sobre as lesões cutâneas para reduzir a vermelhidão e o inchaço.
  • Antissépticos: Para evitar infecção secundária nas áreas onde ocorreram bolhas ou erosões.
  • Anestésicos Tópicos: Enxaguatórios bucais (“magic mouthwash”) contendo lidocaína, antiácidos e anti-histamínicos para permitir que o paciente com lesões orais consiga se alimentar.

2. Tratando a Causa

Se a causa for identificada como o vírus Herpes Simples, o uso de antivirais orais (como Aciclovir, Valaciclovir ou Famciclovir) pode ser iniciado. É importante notar que o antiviral é mais eficaz se iniciado nas primeiras 48-72 horas do surto herpético.

Se a suspeita for medicamentosa, a suspensão imediata do fármaco suspeito é a medida mais importante.

3. O Uso de Corticoides Orais

O uso de prednisona ou prednisolona via oral é controverso, mas frequentemente utilizado na prática clínica para casos com grande extensão de pele afetada ou muito sintomáticos. A decisão deve ser individualizada pelo dermatologista, pesando riscos e benefícios.

⚡ Dica da Especialista: Cuidados em Casa

  • Hidratação Rigorosa: Beba muita água. Lesões na boca podem dificultar a ingestão, levando à desidratação.
  • Alimentos Frios e Pastosos: Evite alimentos ácidos, picantes ou muito quentes se houver lesões orais.
  • Compressas Frias: Ajudam a aliviar a coceira e o inchaço nas lesões de pele.

O Pós-Tratamento: Lidando com as Manchas

Após a resolução da fase aguda, é muito comum que restem manchas escuras na pele, conhecidas como Hiperpigmentação Pós-Inflamatória. O processo inflamatório estimula a produção excessiva de melanina no local das lesões em alvo.

Na nossa clínica, sob a supervisão da Dra. Juliana Toma, entendemos que o tratamento não acaba quando a inflamação cessa. A recuperação estética da pele é vital para a autoestima do paciente.

Tecnologia Avançada: Discovery Pico Laser

Para tratar essas manchas residuais, utilizamos tecnologias modernas que não agridem a pele sensibilizada. O Discovery Pico (Quanta System) é um laser de picossegundos de última geração.

Diferenciais do Pico Laser no tratamento de manchas pós-inflamatórias:

  • Pulso Ultrarrápido: O laser atua através de um efeito fotoacústico (mecânico) e não térmico. Isso fragmenta o pigmento da mancha sem aquecer a pele, o que é crucial para evitar um efeito rebote em peles que acabaram de sofrer uma inflamação.
  • Recuperação Rápida: Diferente de lasers ablativos antigos, o Discovery Pico permite um retorno imediato às atividades.
  • Estímulo de Colágeno: Além de tratar a mancha, melhora a textura da pele na área afetada.

Além do laser, protocolos de recuperação da barreira cutânea e, em momentos oportunos, o uso de bioestimuladores de colágeno podem ser indicados para restaurar a integridade e a beleza da pele após quadros dermatológicos intensos.

Cuide da sua pele com excelência médica

Se você apresenta lesões suspeitas ou deseja tratar manchas residuais de quadros inflamatórios, agende uma avaliação especializada.

Dra. Juliana Toma – Dermatologista

CRM-SP: 156490 | RQE: 65521

Agendar Consulta via WhatsApp

Endereço: Al. Jaú 695 – São Paulo – SP

Perguntas Frequentes

O Eritema Multiforme é contagioso?

Não, o Eritema Multiforme em si não é contagioso. Ele é uma reação do seu próprio sistema imune. No entanto, se a causa for um vírus (como o Herpes), o vírus pode ser transmitido para outras pessoas através do contato direto com as lesões ativas do herpes, mas isso não garante que a outra pessoa desenvolverá o eritema multiforme.

Quanto tempo demora para as manchas sumirem?

A fase aguda com bolhas e vermelhidão costuma durar de 2 a 4 semanas. Após isso, é comum ficar uma mancha acastanhada (hiperpigmentação) que pode levar meses para desaparecer sem tratamento. Tratamentos com lasers modernos, como o Discovery Pico, podem acelerar significativamente o clareamento dessas manchas.

Posso ter Eritema Multiforme mais de uma vez?

Sim, existe o Eritema Multiforme Recorrente. Isso é mais comum quando o gatilho é o vírus do Herpes Simples. Nesses casos, a profilaxia com antivirais de uso contínuo pode ser indicada pelo dermatologista para prevenir novos surtos.

Qual a diferença entre Eritema Multiforme e Urticária?

A principal diferença é a duração e a forma da lesão. Na urticária, as placas vermelhas mudam de lugar e somem em menos de 24 horas, reaparecendo em outros locais. No Eritema Multiforme, as lesões são fixas (duram dias no mesmo lugar) e têm o formato característico de alvo com três cores.

Crianças podem ter essa doença?

Sim, crianças e adultos jovens são os mais afetados. Em crianças, infecções virais ou por Mycoplasma pneumoniae são causas frequentes. O manejo requer atenção especial à hidratação, especialmente se houver lesões na boca que impeçam a criança de beber líquidos.

O que fazer se aparecerem bolhas na boca?

Se houver acometimento da mucosa oral, evite alimentos ácidos e duros. Procure um dermatologista para prescrição de enxaguatórios anestésicos ou corticoides tópicos orais que facilitam a alimentação e reduzem a dor. A higiene oral deve ser mantida com suavidade.

Linha do Tempo Típica da Doença

01
Exposição

Infecção (ex: Herpes) ou uso de medicamento.

02
Erupção (Dias 1-3)

Aparecimento súbito das lesões em alvo nas extremidades.

03
Pico (1ª Semana)

Lesões podem formar crostas; desconforto máximo.

04
Resolução (2-4 Semanas)

Cicatrização. Início do tratamento de manchas residuais.


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Sobre o autor:

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521. Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP). Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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