Bioestimuladores são substâncias que estimulam o corpo humano a produzir alguma outra substância.
Os bioestimuladores de colágeno injetáveis são os mais conhecidos e utilizados, pois ajudam a combater o envelhecimento da pele. Há diversos tipos no mercado e são em geral aplicados por injeção.
Por que utilizar bioestimuladores de colágeno injetáveis?
O colágeno é uma das principais substâncias responsáveis por manter a pele jovem. É ele o responsável pelo aspecto liso e firme do rosto. É produzido em maior volume até os 30 anos de idade, depois sua produção começa a declinar, e os primeiros sinais de envelhecimento vão surgindo a partir dos 40.
Porém, fatores como tabagismo, poluição e exposição frequente ao sol podem causar uma diminuição precoce da produção de colágeno, ocasionando também no envelhecimento prematuro da pele.
Os bioestimuladores são utilizados para compensar essa diminuição da produção de colágeno. Eles agem diretamente nos fibroblastos, células responsáveis por sua produção, para que voltem a produzi-lo nos níveis desejados.
Eles são biodegradáveis e biocompatíveis, e estimulam processos naturais e saudáveis do nosso corpo, o que os torna mais vantajosos que procedimentos estéticos mais antigos, como o uso de fios permanentes e toxina botulínica (mais conhecida como Botox), além dos resultados apresentarem uma aparência mais natural.
Por outro lado, o efeito demora um pouco mais para se tornar visível, e após alguns anos os sinais de envelhecimento voltam a aparecer. Felizmente, também é possível repetir o procedimento posteriormente se desejado.
Colágeno
Além de contribuir para o fortalecimento da pele, o colágeno é também responsável pela manutenção da cartilagem presente nas articulações. O desgaste dessa cartilagem em conjunto com a diminuição da produção de colágeno com o envelhecimento é responsável pela osteoartrite, uma inflamação dolorosa das articulações.
Ele também contribui para o fortalecimento dos ossos. O envelhecimento, em conjunto com hábitos diários não-saudáveis como tabagismo e sedentarismo, aumenta a porosidade dos ossos, o que os torna mais frágeis e, portanto, mais propensos a rupturas. Esse processo é conhecido como osteoporose.
O colágeno, em conjunto com o cálcio e a vitamina D, contribuem para manter a saúde dos ossos, diminuindo ou impedindo a perda da densidade óssea.
Ele também contribui para a manutenção de outros tecidos do corpo. Nos músculos, contribui para a produção de proteínas importantes para a manutenção e aumento da massa muscular, como a creatina.
É também vital para a saúde vascular, contribuindo para fortalecer os vasos sanguíneos, em especial as arteriais. A deficiência de colágeno pode contribuir para o desenvolvimento de aterosclerose, condição caracterizada pelo estreitamento das artérias. A falta da proteína causa o afinamento dos vasos, e para compensar o corpo os estreita para que não se rompam devido à pressão. O colágeno também ajuda no aumento do colesterol bom.
A saúde das unhas e dos cabelos também é mantida pelo colágeno, e a falta dele pode tornar os fios mais finos e as unhas mais frágeis.
Hábitos alimentares
A produção de colágeno pode ser complementada pela alimentação adequada.
A gelatina é uma possível fonte, mas como é um produto industrializado, a quantidade de colágeno realmente presente nas gelatinas que compramos pode variar muito. A carne vermelha e a carne branca são outras fontes importantes dessa proteína.
Além de ingerir a proteína em si, é necessário também ingerir as substâncias que permitem a absorção e utilização adequada dela no nosso corpo. Uma dessas substâncias é a vitamina C, presente na laranja, no abacaxi, kiwi e mamão. Outra é a vitamina E, presente em alguns vegetais, amêndoas, nozes, sementes e óleos vegetais.
Além disso, é também importante que sua dieta contenha selênio (presente na castanha-do-pará, aveia, arroz integral e frutos do mar, sendo a castanha-do-pará a principal fonte) e zinco (encontrado em carnes, ovos, leite integral, entre outros).
Existe também a possibilidade de ingerir suplementos de colágeno, caso necessário, como o colágeno hidrolisado. O uso de suplementos deve ser feito por recomendação médica e com acompanhamento médico, visto que a ingestão de qualquer substância em excesso pode ocasionar problemas de saúde.
Conheça os tipos de bioestimuladores de colágeno injetáveis
Existem três tipos principais de bioestimuladores de colágeno injetáveis:
- Hidroxiapatita de Cálcio (mais conhecida como Radiesse);
- Ácido Polilático (conhecido como Sculptra);
- Policaprolactona (conhecido como Elansé);
Eles podem ser injetados em boa parte do rosto (bochechas, queixo, têmpora, mandíbula), mas também no pescoço, braços, abdômen, coxas e mãos.
Porém, existem locais em que não é recomendado seu uso. Por exemplo, não são aplicados na região da boca, nariz, olhos e testa. Como nesses locais a pele é mais fina, há o risco da estimulação da produção de colágeno ocasionar a formação de nódulos, resultando em um aspecto indesejável.
Vamos falar sobre os principais bioestimuladores de colágeno injetáveis.
Hidroxiapatita de Cálcio
A hidroxiapatita de cálcio, além de estimular a produção de colágeno, também adiciona volume à região onde foi aplicada, promovendo a harmonização facial. É uma substância segura, presente na composição dos ossos e portanto biocompatível, e se mantém facilmente no local de aplicação, garantindo um bom resultado.
Ela é contraindicada nos casos em que o local de aplicação apresenta inflamação ou infecção, e também caso o paciente apresente tendência a desenvolver inflamações ou cicatrizes hipertróficas. Também não pode ser aplicada em regiões que apresentem implantes definitivos, como o de silicone.
Ela pode ser aplicada tanto no rosto quanto nas mãos.
Ácido polilático
O ácido polilático é especialmente recomendado para o rosto, contribuindo para redefinir as maçãs do rosto, o chamado “bigode chinês” (região entre a boca e as maçãs do rosto, que se torna mais visível com a idade), a mandíbula, e também no tratamento da celulite.
Se mantém por mais tempo no organismo em comparação à hidroxiapatita de cálcio, chegando a um ano e meio, contribuindo para a manutenção dos resultados. Por outro lado, não ajuda tanto na formação de volume.
Policaprolactona
A policaprolactona apresenta o efeito mais duradouro, se mantendo no organismo por até quatro anos. É também biodegradável e biocompatível, portanto não ocasiona em complicações. Assim como a hidroxiapatita, também apresenta um efeito preenchedor imediatamente visível.
Ela é especialmente recomendada para o rejuvenescimento do rosto.
Fios de PDO
Para os casos em que se deseja estimular a formação de colágeno em regiões em que as injeções não são recomendadas, existem também métodos alternativos.
Uma opção são os fios de PDO. PDO é a abreviação comum da polidioxanona, substância biodegradável e absorvível pelo corpo que consegue formar fios finos e bem firmes. Esses fios são enganchados de uma parte a outra da pele, sustentando o tecido (efeito conhecido como lifting). Ao longo de alguns meses, o corpo se infiltra no fio e o absorve, processo que estimula a produção de colágeno.
Isso se diferencia dos fios de sustentação utilizados antigamente, os chamados fios permanentes, como os fios búlgaros, fios de ouro e fios russos. Eles não são absorvíveis, podem se romper com tempo e ocasionar efeitos colaterais como inflamação, formação de nódulos e deformação da região.
Os fios de PDO apresentam menor capacidade de sustentação em comparação a eles, mas são muito mais seguros e estimulam a produção de colágeno.
A implantação dos fios de PDO é minimamente invasiva. As extremidades dos fios são inseridas na pele através de microcânulas, sendo presas ao SMAS (Sistema Muscular Aponeurótico), camada muscular situada logo abaixo da pele.
As microcânulas são agulhas de ponta arredondada que apresentam diâmetro extremamente pequeno. Devido à essas características, ela não provoca lesões na pele durante a aplicação e, ao ser removida, a pele preenche rapidamente o espaço que ela havia criado. Portanto, a implantação dos fios de PDO não ocasiona a formação de cicatrizes ou lesões.
Os fios são finos e são utilizados até 10 deles em cada parte da pele em que são aplicados, a depender das necessidades do local, portanto, também são pouco visíveis no dia a dia.
Leia também: Microagulhamento: tipos, indicações, benefícios e cuidados
Quanto dura o efeito?
Para os injetáveis, em geral são necessárias entre uma e três sessões de aplicação espaçadas em um ou dois meses. Cada sessão demora entre 45 minutos e uma hora.
Entre três e seis semanas após a primeira aplicação já é possível notar alguns efeitos. Entre três e seis meses após a aplicação os efeitos finais já estarão presentes, em especial o retorno da firmeza do rosto.
No caso dos fios de PDO, o efeito de sustentação é notado imediatamente, e os resultados da produção de colágeno são também notados por volta de 6 meses após o tratamento.
Seis meses após o tratamento, os níveis de produção de colágeno voltam a diminuir. Como resultado, o efeito rejuvenescedor diminui com o passar dos anos. Em geral, dura pelo menos um ano e meio, mas isso depende da pessoa e dos hábitos dela. É possível que demore alguns anos até que a pele volte a apresentar menor firmeza e elasticidade.
Caso se observe que os efeitos estão diminuindo, é possível realizar novamente o tratamento para voltar a estimular a produção de colágeno.
É importante saber que a diminuição do colágeno não é o único fator envolvido no envelhecimento. Também há redução das camadas de gordura e músculos, assim como do tecido ósseo. Portanto, algumas características do envelhecimento ainda aparecerão com o tempo, mas o uso de bioestimuladores de colágeno contribui para que sejam menos visíveis.
Antes e depois do tratamento
Como qualquer procedimento estético, é necessário alguns cuidados antes e depois do tratamento. Como é um procedimento minimamente invasivo, o tempo de recuperação é mínimo e o pós-tratamento é leve. É possível retomar sua rotina logo após cada sessão, mas é preciso ter alguns cuidados.
Lembre-se de que para que o tratamento possa ocorrer, a pele precisa estar saudável. Se apresentar lesões ou infecções, trate elas previamente para evitar o risco de complicações.
Bioestimuladores de colágeno injetáveis
Para o tratamento com as substâncias injetáveis, é possível que no local de aplicação surja vermelhidão, inflamação ou hematomas. Porém, esses sintomas normalmente desaparecem em até 48 horas. Caso durem muito mais que isso, procure atendimento médico. É necessário evitar exposição excessiva à luz solar enquanto esses sintomas estiverem presentes.
Para evitar a formação de hematomas, recomenda-se evitar o uso de ácido acetilsalicílico (Aspirina) e anti-inflamatórios nos 3 dias anteriores a cada sessão.
Nas primeiras 24 horas aplique compressas frias (não geladas) nas regiões de tratamento por alguns minutos. Nos primeiros dias também é importante reservar tempo no dia para massagear as regiões por cinco minutos. Deve-se fazer isso algumas vezes por dia.
Mais informações podem ser obtidas com os responsáveis pela aplicação e podem variar de acordo com a substância injetada.
Fios de PDO
No caso dos fios de PDO, o pós-tratamento é semelhante: é possível ocorrer vermelhidão, inflamação e hematomas nos locais em que foram inseridas as microcânulas e esses efeitos diminuem em até 48 horas.
Por outro lado, nesse caso recomenda-se não aplicar pressão sobre as regiões envolvidas (por exemplo por massagem ou encostando a região no travesseiro ao dormir). Movimentos excessivos e exercícios físicos intensos também devem ser evitados. Realizar essas ações pode ocasionar, por exemplo, a ruptura dos fios, prejudicando os resultados do tratamento.
Esses cuidados devem ser mantidos por até 5 dias após o procedimento.
Conclusão
Os bioestimuladores de colágeno injetáveis são substâncias seguras e compatíveis com o corpo humano, sendo responsáveis por estimular a produção natural de colágeno pelo corpo nos locais de aplicação e, dependendo da substância utilizada, também promovem o preenchimento da região.
O procedimento é realizado ao longo de poucos meses, em sessões de até uma hora de duração, e os primeiros resultados são visíveis poucas semanas após a primeira aplicação.
Seu uso promove o fortalecimento e elasticidade da pele, diminuindo a presença de rugas e outros sinais de envelhecimento da pele. Não podem ser utilizados em todas as regiões do corpo, mas podem ser complementados pelo uso de outros tipos de procedimentos estéticos, como os fios de PDO.
São muito mais seguros que procedimentos mais antigos e dão resultados mais naturais e com efeitos colaterais leves, mas também demoram alguns meses para que os resultados finais fiquem aparentes e o efeito diminui com o passar dos anos. É possível também repetir o procedimento posteriormente.
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Sobre o autor:
CRM-SP: 156490 / RQE: 65521. Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP). Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).