Tratamento para cicatrizes de acne

Tratamento para cicatrizes de acne

A acne é a condição de pele mais comum e mais infame da juventude. Ela surge exatamente nas épocas de maior atividade hormonal, coincidindo com uma das mais importantes etapas de desenvolvimento social da pessoa.

Com isso, pode causar grandes prejuízos. A acne atinge justamente o rosto, parte mais visível do corpo, criando uma aparência muitas vezes desagradável. Com isso, causa problemas de autoestima e de relações interpessoais durante essa época tão crítica.

Sua ocorrência nessa época, porém, não é coincidência. A acne é predominantemente genética, mas é ativada devido à explosão hormonal da puberdade. Esses hormônios estimulam a produção de oleosidade por parte das glândulas sebáceas do rosto, facilitando seu entupimento e a proliferação de bactérias. Disso, surgem as erupções inflamadas características da condição.

A condição pode ser tratada de diversas maneiras, a depender da gravidade do caso. Mas também tende a desaparecer espontaneamente. É comum que ainda se mantenha durante os 20 ou 30 anos de idade, mas raramente se mantém presente após os 40.

Porém, independente da forma como ela é curada, é comum que as cicatrizes ainda se mantenham. Embora a acne em si não esteja mais presente, as cicatrizes podem continuar a causar problemas de autoestima e de relações sociais, devido ao seu aspecto desagradável.

Felizmente, hoje em dia existem várias opções de tratamento para cicatrizes de acne. Vamos conhecer alguns deles ao longo deste artigo. Acompanhe. 

Os melhores tratamentos para cicatrizes de acne

Tratamento para cicatrizes de acne

Para entender o que torna um tratamento bom para as cicatrizes da acne, é importante também saber o que diferencia esses tipos de cicatriz.

As cicatrizes da acne são cicatrizes atróficas. Isto é, são cicatrizes que não apresentam a regeneração completa da pele, ao contrário das cicatrizes comuns. Neste quesito, é similar às cicatrizes hipertróficas, porém, apresenta forma diferente: as cicatrizes hipertróficas nascem do excesso de tecido fibroso, e as atróficas, da deficiência do mesmo.

Nas cicatrizes atróficas, a camada externa da pele se regenera normalmente, obtendo uma aparência similar à pele original. Porém, as camadas mais internas apresentam maior dificuldade de regeneração, especialmente devido aos danos causados pela inflamação. Devido a isso, não consegue preencher a região como antes, formando-se uma depressão no local.

O objetivo do tratamento para cicatrizes de acne é, portanto, estimular o corpo a voltar a preencher esse local. Isso implica em regenerar o tecido conjuntivo fibroso que estava presente, para haja um preenchimento mais natural e duradouro.

Para isso, é preciso também estimular a produção de colágeno e elastina. Essas duas proteínas são os principais componentes desse tecido fibroso, portanto, são imprescindíveis para essa regeneração. Diferentes tratamentos realizam isso de formas diferentes.

Portanto, vamos conhecê-los.

Peeling

O peeling é um dos tratamentos mais acessíveis para isso, e também um dos mais antigos. O objetivo é retirar parcialmente a epiderme, a camada mais exterior da pele. Embora isso pareça estranho, é um procedimento seguro e não torna a pele mais suscetível a infecções.

O objetivo desse processo é estimular a regeneração da pele, especificamente da derme, camada intermediária dela. A ocorrência de pequenos danos na derme estimula o corpo a regenerar o tecido fibroso que a compõe. Por sua vez, esse estímulo causa um forte aumento da produção de colágeno e elastina. Com isso, há uma regeneração mais intensa e completa do tecido.

Existem dois tipos de peeling: o peeling físico e o peeling químico.

O peeling físico consiste em utilizar métodos abrasivos para remover a epiderme. Isto é, ele se baseia em fazer atrito com a pele. Essa abrasão pode ser feita manualmente, com o uso de buchas e cremes, caso em que é mais conhecido como “esfoliação”. Porém, também pode ser feita utilizando dispositivos especiais, por profissional capacitado, como na microdermoabrasão, peeling de cristais e peeling de diamante.

O peeling químico, por outro lado, se vale de produtos químicos para realizar essa remoção. Isso permite uma remoção mais completa e uma ação mais profunda, intensificando essa regeneração. Os produtos utilizados são biocompatíveis e seguros, porém, tratamentos mais profundos implicam em maiores riscos. Portanto, é necessário acompanhamento médico.

Tratamento a laser

De forma semelhante ao peeling, o tratamento para cicatrizes de acne a laser estimula a regeneração da derme através da formação de pequenos danos na estrutura fibrosa da derme. Neste caso, porém, ele não envolve necessariamente a danificação da epiderme, pois pode atingir a derme diretamente.

O tratamento se baseia no uso de um laser, isto é, um feixe de luz concentrado de alta energia. Sendo um feixe de luz (ondas eletromagnéticas), ele apresenta capacidade penetrativa altamente regulável, o que permite que atravesse a epiderme, atinja a derme, e não afete as camadas inferiores.

A alta energia concentrada é o que fornece a capacidade destrutiva: quando o feixe atinge o tecido, ele causa um rápido e pontual aumento de temperatura no local, destruindo as células atingidas e danificando as células ao entorno. Dessa forma, estimula-se a regeneração do tecido.

Há vários tipos de laser que podem ser utilizados, cada um com suas características. O mais antigo e mais comum é o laser de CO2. É um laser um pouco mais forte, de ação mais superficial, mas seu maior tempo de uso o torna o mais confiável.

Porém, lasers mais recentes também conseguem resultados de alta qualidade, comumente com menos efeitos colaterais. Dentre eles, destaca-se o Er:YAG, laser de ação superficial, como o de CO2, e o Nd:YAG, laser com maior capacidade penetrativa, capaz de atingir diretamente a derme.

Microagulhamento

O microagulhamento é outro processo que se baseia na danificação do tecido cutâneo. É de certa forma semelhante ao peeling físico, visto que consiste no uso de um dispositivo especializado para causar os danos necessários. Porém, ao contrário do peeling, age predominantemente na derme.

Esse tratamento consiste em utilizar um dispositivo composto por microagulhas, isto é, agulhas curtas e extremamente finas. Esse dispositivo, que pode ser mecânico ou eletrônico, permite que as agulhas atravessem a epiderme e afetem diretamente a derme, rompendo parcialmente o tecido fibroso em alguns locais.

Dessa forma, o tratamento atravessa a epiderme sem causar danos significativos, e age mais na derme, que é exatamente o local que visa ser atingido para tratar as cicatrizes da acne.

Embora envolva a penetração repetida dessas agulhas, o tratamento é tão leve quanto os descritos anteriormente, não resultando em sangramento local ou desconforto significativo durante ou após o tratamento.

Bioestimuladores de colágeno

Como o nome já dá a entender, o objetivo dos bioestimuladores de colágeno é estimular a produção de colágeno e elastina. No caso, através do uso de substâncias biocompatíveis.

Esse tipo de tratamento, porém, se diferencia dos anteriores por não se basear na danificação do tecido. Pelo contrário, o procedimento busca minimizar danos ao tecido utilizando microcânulas: agulhas finas, curtas e sem ponta.

O procedimento consiste na infusão de um bioestimulador diretamente na derme. São feitas inserções localizadas das agulhas, utilizando quantidades cuidadosamente medidas da substância, de forma a gerar um estímulo localizado de regeneração e produção de colágeno.

O tratamento também se diferencia pelo seu caráter preenchedor. No caso dos outros tratamentos, o preenchimento surge com o tempo, resultado da regeneração da pele através de processos naturais do corpo. Os bioestimuladores, porém, apresentam um efeito preenchedor imediatamente após a infusão.

A substância se mantém no local aplicado, formando volume, pois demoram a serem processadas e absorvidas pelo corpo. Durante sua estadia na pele, incentivam a produção de colágeno e elastina, o que, por sua vez, leva o corpo a lentamente substituir esse volume provido pela substância pelo tecido conjuntivo fibroso, que realizará o preenchimento de forma mais duradoura.

Dentre as substâncias que podem ser utilizadas, destacam-se o ácido hialurônico e o Radiesse (hidroxiapatita de cálcio), assim como o Sculptra (ácido polilático) e o Ellansé (policaprolactona).

Radiofrequência e ultrassom

Os tratamentos de radiofrequência e ultrassom se assemelham ao tratamento para cicatrizes de acne a laser. Ambos envolvem o uso de ondas para penetrar a superfície da pele e atingir diretamente a derme, criando focos de alta temperatura para causar leves danos.

Eles se diferenciam, porém, nos dispositivos, nos tipos de onda, e também na energia utilizada.

Como o nome dos procedimentos já mostra, o de radiofrequência envolve o uso de ondas de rádio, e o de ultrassom, de ondas sonoras de alta frequência.

A radiofrequência utiliza ondas de rádio altamente concentradas e de alta energia. Por isso, sua utilização causa os danos mencionados, embora as ondas de rádio comuns sejam inofensivas. Essas ondas concentradas são capazes de fazer o tecido corporal atingir temperaturas localizadas de até 41 °C.

O ultrassom, similarmente, causa danos devido à concentração e à alta energia. A ultrassonografia, comumente usada em exames pré-natal, também utiliza um dispositivo ultrassom, mas de energia muito mais baixa. Por isso, não causa danos à criança nem à gestante.

As temperaturas nesse caso podem chegar a 71 °C, realizando, por tanto, danos um pouco mais intensos, o que gera também uma resposta mais intensa. Está presente também nas variações microfocado e macrofocado, que são escolhidas com base nas dimensões da área a ser tratada. No caso das cicatrizes da acne, utiliza-se o microfocado.

Esses dois tratamentos também se diferenciam por servirem para a redução de gordura, além da estimulação da produção de colágeno e elastina. Portanto, se desejar também reduzir os níveis de gordura facial, eles podem ser utilizados para lidar com ambas as questões.

MMP

O MMP, por outro lado, é mais semelhante aos bioestimuladores de colágeno e ao microagulhamento.

A sigla MMP é como é popularmente conhecida a Microinfusão de Medicamentos na Pele. Esse tratamento é mais usado para tratar a calvície, mas sua versatilidade o provém com diversas outras aplicações.

O objetivo do tratamento é injetar medicamentos em pequenas doses diretamente na derme. Para isso, ao invés de utilizar agulhas ocas como as microcânulas, utiliza um dispositivo eletrônico similar a uma máquina de tatuagem. A fórmula utilizada é depositada diretamente nas agulhas e, conforme elas são passadas sobre a pele, elas a injetam em pequenas quantidades abaixo da derme.

Devido ao uso desse dispositivo que apresenta microagulhas, pode ser confundido o microagulhamento ou a intradermoterapia. Porém, se diferencia do primeiro pelo uso de medicamentos especiais em pequenas quantidades, e se diferencia do segundo por não utilizar seringas ou microcânulas.

A sua capacidade de penetrar a epiderme é o que a torna muito utilizada para a calvície: os fios de cabelo nascem na derme. Medicamentos tópicos são comumente usados, mas apresentam grande dificuldade de penetrar a epiderme, camada pouco permeável. As agulhas, porém, permitem que o medicamento adentre a derme de forma muito mais eficiente.

A fórmula a ser utilizada varia de um paciente para outro, e também pode depender da extensão das cicatrizes. Porém, em geral, buscam estimular a produção de colágeno, buscando regenerar o tecido fibroso no local, mas podem também apresentar substâncias preenchedoras, vasodilatadoras (para estimular a circulação), substâncias que drenem o sistema linfático, entre outras, para obter melhores resultados e de forma mais rápida.

Conclusão

A acne é uma condição incômoda, ainda que raramente ocasione complicações graves, mas sua presença pode prejudicar a autoestima e as relações sociais em uma época crítica do desenvolvimento pessoal.

Existem vários tratamentos para a acne, para os mais diversos níveis de gravidade, e ela também tende a se curar espontaneamente com o passar dos anos. Porém, independente da forma como é curada, ela tende a gerar cicatrizes, que também podem causar bastante incômodo.

Felizmente, também é possível tratar essas cicatrizes, melhorando o aspecto do rosto e, no processo, também rejuvenescendo-o e deixando-o mais saudável. Os tratamentos consistem predominantemente no estímulo à produção de colágeno e elastina, contribuindo para uma melhor regeneração da pele no local.

Os principais tratamentos utilizados atualmente são minimamente invasivos, isto é, não envolvem procedimentos cirúrgicos. Por isso, apresentam menores riscos e contraindicações, além de serem mais acessíveis e não precisarem de sessões longas. Além do estímulo à produção de colágeno e elastina, alguns também geram um efeito preenchedor, tendo, portanto, resultados ainda mais rápidos.

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Sobre o autor:

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CRM-SP: 156490 / RQE: 65521. Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP). Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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